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Sublimar ou sucumbir?

Venha comigo nesta pequena viagem e avalie se você se encaixa ou se já passou por esta situação que vou descrever ou algo semelhante. Você tem quase 20 anos de carreira passados, na sua maioria, em duas empresas. O seu salário atual é ótimo, você possui benefícios e prestígio, e é considerado talentoso naquilo que faz. Conseguiu adquirir bens e viaja ao Exterior com frequência. Tem pós-graduação, MBA e consegue comunicar-se bem em inglês. Enfim, exibe vários símbolos de sucesso. No entanto, ultimamente, você não tem se sentido feliz, algo o está incomodando. Você, então, tem percebido que sua vocação não está sendo contemplada na sua função, a qual não tem a ver com o rumo que sua carreira tomou.

É isso mesmo? Algo está faltando depois de tantas conquistas?

No começo da carreira, nossa mente está tão ocupada em aprender, ganhar experiência, adaptar-se à cultura da empresa onde trabalhamos, ser vistos pelos líderes, conseguir promoções etc. São tantos os desafios que nos deparamos, que não conseguimos perceber a diferença entre as metas profissionais estabelecidas na juventude e o que nos dá realmente prazer. Desta forma, todos nós podemos nos deparar com esse tipo de questionamento quando buscamos o autoconhecimento e começamos a nos dar conta de que a vocação pode não estar ligada ao nosso trabalho atual, ou seja, o entorno não contempla nossa vocação.

Neste caso, vejo duas escolhas: sublimar ou sucumbir. O que quero dizer com isso?

Vou dar um exemplo para ilustrar: quando vamos usar aquele sapato lindo e caríssimo e ele começa a machucar muito o nosso pé, podemos abandoná-lo, mesmo pensando no dinheiro que foi investido, ou ficar com ele e suportar a dor, justamente por ter custado muito e por ser bonito no nosso pé. Muitas vezes, nós reclamamos da situação em que nos encontramos, mas não fazemos nada para mudar por medo do novo, do desconhecido. Estamos sofrendo, mas o medo de mudar é maior do que o da dor que sentimos.

Sublimar é um mecanismo de defesa pelo qual a energia de tendências e impulsos não aceitáveis transforma-se e converge para metas socialmente aceitáveis, funcionando como uma "saída", uma válvula de escape. No contexto que criei aqui, sublimar seria esquecer o sentimento de incômodo, o chamado da vocação, de certa forma sufocá-lo e focar nas coisas boas que o emprego e a função atual trazem. Preparando-se para o chamamento da vocação em outro momento no futuro.

Sucumbir é entregar-se a esse chamado. É preparar-se para mudar, às vezes, radicalmente nossa vida profissional e assumir todos os riscos dessa mudança. Até porque, já há muitos anos, a carreira é assunto sério e não pode ser delegada à empresa, à área de Recursos Humanos ou ao gestor, como acontecia no passado. A empresa, através do setor de RH, pode criar condições ou até mesmo oferecer oportunidades e situações de desenvolvimento e de aprendizado, mas cabe a nós cuidar da nossa biografia.

Você está olhando para sua biografia?

Fonte: RH.com.br e Lígia Crispino.

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Lígia Crispino é fundadora e sócia-diretora das empresas  Companhia de Idiomas e ProfCerto.
Graduada em Letras e Tradução/Interpretação pela Unibero, Business English em Boston, USA.  Possui cursos em Marketing de Serviços pela FGV,  Gestão de Pessoas pelo Ibmec,  Branding e Inteligência Competitiva, ambos pela ESPM. É analista quântica e dá palestras sobre comunicação corporativa, ensino, gestão de negócios e pessoas.